sábado, 6 de março de 2010

Momento de Escuridão.

Meia noite e ela não conseguia dormir.Sentou-se no canto mais solitário de seu quarto escuro para viver sua tristeza diária. Especialmente naquela noite, ela não sabia ao certo porque tinha uma vontade profunda de se desfazer em lágrimas quase negras, espelidas por tanta dor. Era diferente das outras noites em que chorava por seu antigo amor, pela rejeição, ou pelo contínuo sentimento de solidão, que a perseguia, mesmo que uma multidão estivesse ali, dando-lhe toda a atenção -o que segundo ela era impossível-. A confusão dos seus sentimentos indefinidos a agonizava de forma tão forte, que era como se cada veia de seu coração explodisse lentamente com intenção de machucar da pior forma. Os seus olhos mostravam, nitidamente, a formação de uma lágrima, tão solitária como a dona daquele olhar, que se incomodou. Mas a agonia de seus pensamentos já era quase maior que a força das mãos orgulhosas que destruiriam aquela sarcástica gota de água. Aquela menina esperava sentir a lágrima correndo por seu rosto até vê-la cair ao chão e ser esquecida - ou não - .Mas algo fez daquele breve choro pior do que um pranto incontrolável. Porque aquela gota agora, parecia debochar escorrendo na lentidão torturante de uma tartaruga. E a menina sofrendo. E as mãos imóveis. E aquela lágrima rindo-se ao vê-la sofrer, enquanto contornava os traços tristes daquela garota. E a menina sofrendo. E as mãos imóveis. E aquele sofrimento escorrendo como sangue fervendo. E de tanto sofrer ela decidiu parar. E encorajou suas mãos medrosas, que bruscamente destruiram aquela pequena lágrima, que nasceu nos olhos tristes, correu alegremente pelo seu rosto, e sumiu, para não voltar mais a existir.

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